A TV Contra-CUT entrevistou o ex-presidente da Previ, a caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, Sérgio Rosa, e o ex-diretor de Investimentos da Previ, Fábio Moser. Os dois são funcionários do BB aposentados e, ao longo de suas carreiras, exerceram diversas atividades dentro da Previ e no mundo corporativo.

Eles analisaram a repercussão da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), levada pelo ministro da corte Walton Alencar Rodrigues, em auditar a Previ, porém considerando apenas um período de 2024, de janeiro a novembro, quando a entidade sofreu impactos do mercado e que resultaram em déficit de R$ 14,5 bilhões no Plano 1.

Atualmente, o mesmo Plano 1 possui R$ 228 bilhões em investimentos. Em novembro de 2024, data mencionada pelo ministro Walton para defender a auditoria, o plano da Previ estava superavitário em R$ 528 milhões. 

Logo no início da conversa, os dois foram taxativos em afirmar que não existe problema algum em auditar a Previ, "que já é uma entidade bastante auditada", reforçou Rosa. Logo em seguida, pontuaram como funciona o sistema de auditorias, internas e externas, pelas quais a Previ submete os dados e discutiram sobre a competência do TCU sobre esse tipo de análise.

"Auditorias têm que ser constantes e programadas", constatou Fábio Moser sobre a proposta do TCU, completando que análises motivadas por questões momentâneas podem resultar em distorções técnicas e que coloquem em risco o sistema de previdência. "A Previ teve superávits há três anos atrás, há dois anos atrás e nesse período o TCU não auditou a entidade", observou, ao lembrar que fundos de pensão, por regra, também precisam passar por auditorias quando apresentam resultados positivos.

Assista a entrevista completa:

Mais sobre os entrevistados

Foi na gestão de Sérgio Rosa que a Previ se tornou o primeiro fundo de pensão a aderir o código internacional de Princípios para o Investimento Responsável (PRI), em 2006. Alguns anos antes, quando diretor de Participações da Previ, Rosa foi responsável pela auditoria que descobriu irregularidades nos contratos com o fundo Opportunity, fazendo a Previ iniciar e liderar uma batalha dos fundos de pensão contra o banco de Daniel Dantas, que demorou anos, mas resultou em vitória para os participantes das entidades.

Fábio Moser tem mais de 30 anos no mercado, período em que se tornou especialista em governança corporativa. Além de diretor de Investimentos da Previ, passou por diversas empresas, entre as quais Brasil Telecom, como vice-presidente e governança e novos negócios, RK Partners, como diretor e sênior adviser, além de ter presidido os Conselhos Deliberativos dos Fundos de Pensão SISTEL, BrtPrev e Fundação 14. Atualmente é membro titular do Conselho Fiscal da AMBEV e Conselheiro independente do Open Insurance Brasil.