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26/04/2023 10:31
Santander
Atualização 26/04/2023 10:36
Santander Brasil empata com lucro na Espanha Santander

Santander Brasil empata com lucro na Espanha

As perdas com provisões para a Americanas, que levaram o Santander Brasil lucrar apenas R$ 2.140 milhões no 1º semestre, com uma recuperação de 26,7% com relação ao 4º trimestre de 2022 e queda de 46,6% frente ao do 1º trimestre de 2022, levaram, pela 1ª vez em cinco anos, os ganhos do banco de Ana Botim na Espanha (466 milhões de euros) a praticamente empatar com os lucros de 469 milhões de euros no Brasil.

Nos últimos anos, o Brasil, que é uma das maiores operações do Santander no mundo, chegou a ter 36% dos ganhos globais do conglomerado de Ana Botin. Mas o aumento da inadimplência nas pessoas físicas, que chegou a 4,5% (4% em março de 2022 e 3,1% em março de 2021) ao lado das provisões da Americanas, exigiu forte aumento de provisões e reduziu a participação à metade do seu auge (18,2%, contra 18,1% das operações na Espanha) e tirou o brilho da filial brasileira.

O Brasil na berlinda

O desempenho desfavorável do Brasil foi várias vezes mencionado no balanço global divulgado na manhã de hoje, na Espanha, antes da divulgação no Brasil.

“Os resultados no Brasil relacionados com a reversão de passivos fiscais ascenderam a 261 milhões de euros e provisões para reforçar o balanço, que líquido de impostos totalizou 261 milhões de euros (474 milhões de euros registados em provisões líquidas para perdas com empréstimos e um impacto positivo de 213 milhões de euros em impostos). Como o impacto desses movimentos no lucro foi zero, nós os compensamos a partir das linhas de conta subjacentes para facilitar a comparação com os trimestres anteriores e entender melhor as tendências de negócios”, diz o comunicado.

Num resumo sobre a filial brasileira, a matriz diz que “No primeiro trimestre de 2023, o lucro atribuível ascendeu a 469 milhões de euros, -25% em termos homólogos. Em euros constantes, o lucro diminuiu 29%, da seguinte forma: O bom desempenho no rendimento líquido de taxas (+5%) não foi capaz de compensar a queda do rendimento líquido de juros (-6%), uma vez que volumes mais elevados não foram suficientes para compensar a sensibilidade negativa aos aumentos das taxas de juro e a mudança na combinação para produtos de menor risco. Como resultado, a renda total diminuiu 3%”.

Aumento de custos e provisões

Os custos subiram 11%, fortemente impactados pela inflação. Em termos reais, os custos aumentaram 3% e o índice de eficiência manteve-se em bons níveis (35,3%).

As provisões líquidas para perdas com empréstimos aumentaram 16%, impulsionadas principalmente pelo crescimento da carteira de crédito, elevando o custo do risco para 4,84% e o índice de Empréstimos não rentáveis (NPL) para 7,34%. Em comparação com o trimestre anterior, o lucro diminuiu 5%, uma vez que os custos mais baixos e os LLPs não foram suficientes para compensar a queda na receita líquida de juros (-2%) e a maior carga tributária.



América do Sul

“Na América do Sul, o lucro operacional líquido diminuiu 3%, impulsionado por novas quedas na receita líquida de juros no Brasil e no Chile. A receita líquida de juros aumentou fortemente na Argentina e no Uruguai. Na América do Sul, o lucro operacional líquido diminuiu 3%, impulsionado por novas quedas na receita líquida de juros no Brasil e no Chile. A receita líquida de juros aumentou fortemente na Argentina e no Uruguai

Na América do Sul, os empréstimos aumentaram 2%, um aumento de 2% no Brasil e no Chile, +24% na Argentina (devido à aceleração da inflação) e -3% no Uruguai. Os ganhos nos empréstimos na região cresceram 12%, com destaque para o crescimento de 91% na Argentina, impulsionados pelos empréstimos ao consumidor, PMEs, empresas e SCIB. No Brasil, subiu 10%, impulsionado pelo desempenho positivo em empresas e instituições e empréstimos garantidos a pessoas físicas. No Chile, os empréstimos aumentaram 9% apoiados por hipotecas e SCIB. No Uruguai, subiram 13%.

Em outro trecho, o Santander destaca que os empréstimos com perdas no 1º trimestre (“imparidade de crédito”) diminuíram ligeiramente em relação ao trimestre anterior, para 34.445 milhões de euros, impulsionados principalmente pelo desempenho da carteira no Brasil (-3%) e Espanha (-5%), e apesar da normalização na América do Norte.
 

Lucro Atribuível ao Controlador. 1º Trim. 2023

Origem Em milhões de euros % 12 meses Var2

Europa 1.189

Espanha 466

Reino Unido 395

Portugal 180

Polônia 167

Outros -19

América do Norte

América do Sul


Var2. em euros constantes.



'Arcabouço para inglês ver'

Nos tempos em que o Brasil não tinha grande acúmulo de reservas nem uma pauta de exportação diversificada – o café, que hoje responde por menos de 4% das receitas bancava mais de 70% das divisas cambiais, e o país só produzia 15% do seu petróleo na 1ª crise do insumo, em setembro de 1973 – os avais do Fundo Monetário Internacional e pareceres dos banqueiros da City de Londres eram muito importantes. Daí, o Brasil assumia compromissos inviáveis (como as metas de inflação atuais). Mas eram postos no papel “para inglês ver”.

Hoje, o Brasil não depende da banca internacional, mas a credibilidade da política econômica é o cartão de visitas para os investidores nacionais e de todo o mundo. Mas, mesmo perdendo força, a expressão pegou, conforme a análise do economista chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo:

Uma análise crítica

“Após idas e vindas, a proposta de arcabouço fiscal que deverá substituir o teto do gasto foi enviada para o Congresso. A proposta estipula que os gastos do governo podem aumentar em 70% do aumento das receitas, com limite inferior de crescimento de 0,6% e superior de 2,5% ao ano. E se propõe a atingir uma meta de trajetória do superavit primário de -0,5% do PIB em 2023, 0% do PIB em 2024, 0,5% do PIB em 2025 e 1,0% do PIB em 2026, com uma margem de tolerância de 0,25 pontos de porcentagem para mais ou para menos. Para o cálculo das receitas utilizadas para financiar os gastos, somente serão levadas em consideração os aumentos de receitas permanentes.

Esta é uma meta ambiciosa. Para atingi-la será necessário um aumento das receitas de aproximadamente R$ 150 bilhões nos próximos quatro anos, entre 3,0% e 4,0% do PIB, o que poderia ser obtido via aumento da carga tributária, eliminação de subsídios tributários, entre outras medidas.

Apesar do objetivo ambicioso, dois pontos tornam o arcabouço particularmente frágil. Primeiro, o grande número de despesas que permanecerão fora do teto. As vinculações constitucionais, educação e saúde, piso da enfermagem, capitalização de empresas estatais não financeiras, entre outras despesas.

A segunda fragilidade é mais importante: não existe penalidade para o gestor público caso as metas não sejam atingidas e são eliminadas as restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal. O descumprimento da meta não configura infração da lei. Como reduzir gastos e aumentar impostos têm elevado custo político, o incentivo é não fazer o esforço para cumprir a meta.

O sucesso do teto decorre exatamente da penalidade ao gestor (crime de responsabilidade) em caso de não cumprimento. Isto não apenas incentiva cumprir o teto, assim como cria incentivos para aprovar reformas para reduzir a proporção das despesas obrigatórias em relação às despesas totais (previdência, gastos com pessoal, administrativa, privatizações, etc.), redefinir marcos regulatórios para atrair investimentos privados, definir prioridades na alocação de recursos discricionários, reavaliar programas existentes e sua substituição por programas mais eficientes, entre outros objetivos. Se o congresso criar penalidades aos gestores, o governo vai mudar as metas? Sem punição pelo não cumprimento das metas, o arcabouço é uma carta de intenções. Para inglês ver”.

Fonte: Jornal do Brasil - Gilberto Menezes Côrtes

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